03/09/2010

O Y da questão no mundo dos negócios - por Julina Portugal do Estadão

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Imagine trabalhar em uma empresa sem horário fixo para entrar e sair e que, durante o expediente, role acesso a espaço para relaxar - com direito a café, televisão, pufe, videogame, cesta de basquete e até um mini campo de golfe. Mais: quando as metas são alcançadas, a equipe ganha uma viagem com tudo pago.

Sonho distante de rotina de trabalho? Nem tanto. Já há jovens da geração Y - pessoas na faixa de 30 anos, criativas, inovadoras e conectadas 24 horas por dia à internet - que acreditam nesse novo modelo de gerir negócios e o colocam em prática em suas próprias empresas.

Um ‘representante Y’ é o dono da Acesso Digital, Diego Martins, de 27 anos, Entre 2002 e 2007, ele trabalhou sozinho prestando consultoria para outras empresas. "Ali, decidi que queria ser presidente. Não pelo status, mas, sim, porque gostava de liderar pessoas e queria um modelo novo de gestão", diz.

E foi o que Martins fez. Começou deixando a hierarquia para trás: aposentou termos como diretor e gerente - para não exprimir uma ideia de inacessibilidade. Segundo ele, seus 45 profissionais, entre analistas, coordenadores e líderes, são tratados igualmente e têm liberdade para dizer o que pensam. Mesmo que seja algo desagradável ao chefe.

"Geralmente, a ideia de que somos todos iguais dentro de algumas empresas é artificial, pois o funcionário usa uma máscara para tratar com o diretor."

A liberdade oferecida não se restringe à exposição de opiniões, mas também ao ambiente de trabalho. A Acesso Digital, do ramo de tecnologia, conta com espaços para que o funcionário assista à televisão, se distraia e até descanse em pleno expediente. "Cada um tem maturidade para distinguir o certo do errado, além de saber quais são suas metas", avalia. E, para ele, quem dança no ritmo errado, realmente dança. "Se o profissional não cumprir a meta em três meses, é convidado a ir embora", avisa.
O êxito dos três anos de empresa está expresso no balanço do negócio. O faturamento, que partiu do zero, hoje é de R$ 7 milhões por ano - mais que o dobro de 2009, quando o escritório lucrou R$ 3 milhões. E a expectativa para 2011 é ainda mais alta: R$ 16 milhões.

Qual o segredo para atingir números cada vez mais altos? O ‘Y da questão’ para Martins atende pelo nome de motivação. Em 2009, ele propôs um desafio aos seus profissionais: se a estimativa de crescimento fosse ultrapassada, todos fariam uma viagem para a Disney com tudo pago.

Resultado? A meta foi alcançada e, no Carnaval deste ano, todos foram conhecer o Mickey.

O sócio da Dia Comunicação, empresa especializada em branding (gestão de marca), ponto de venda e embalagens, Leonardo Lanzetta, 34 anos, segue a mesma linha que Martins. Só que ele não está sozinho. Seu sócio é Gilberto Strunck, um legítimo ‘baby boomer’ de 60 anos - nascido no pós-guerra -, acostumado a horários fixos no trabalho e cria da crença que emprego não é lugar para ‘relaxar’.

A chance de acontecer um conflito de gerações era alta, mas a história se desenrolou bem diferente: "Não tive resistência alguma por parte do Strunck. Ele mesmo acreditava que era preciso inovar na gestão. O processo fluiu naturalmente".

Além de abrigar espaços semelhantes ao que Martins instalou em sua empresa, Lanzetta criou ações como o Friday Fruit, em que é promovido um café da manhã repleto de frutas às sextas-feiras. Tem mais: uma vez por mês, é realizada uma festa temática após o expediente e, no dia do aniversário, cada funcionário ganha folga. "Somos uma empresa de criação, a pessoa tem de se sentir bem para se envolver no processo de trabalho."

O resultado é mensurável. Desde que Lanzetta chegou à sociedade, em 2006, o crescimento - que estava estagnado - passou a ser de 35% ao ano.

Para o consultor do Sebrae-SP, Renato Fonseca, a geração Y tem muito o que ensinar para quem já está à frente de um negócio: como flexibilidade, modos de lidar com a inovação e de se manter conectado. "A geração Y traz um novo estilo de administração, porém, seu objetivo é o mesmo: resultados."

E é por isto que digo: O conflito não existe! Trata-se da forma como olhamos para o melhor de cada geração!

Abraços,

Cintia

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